TEMPLO DE UMBANDA CABOCLO PEDRA BRANCA E PAI JEREMIAS

PAZ - FÉ - AMOR - CARIDADE - HUMILDADE - CONHECIMENTO - LEI - HUMANISMO - VIDA - EVOLUÇÃO

sexta-feira, 16 de novembro de 2012


Vida de Médium


Texto de Ricardo Barreira
Então sexta-feira ele saiu apressado do escritório. Antes de entrar no carro, recusou o convite para um chopinho com o pessoal de sua repartição. Ouviu uma ou duas gracinhas mas nem se importou, já estava acostumado com aquela situação. Seus amigos não entendiam a tamanha dedicação que ele tinha por sua religião.
Chegou em sua casa e foi direto se preparar para o banho, seus pensamentos já estavam todos focados no que aconteceria naquela noite. Passou pelo quintal e pegou uma vasilha com um líquido de ervas dentro. Ele havia preparado no dia anterior, e deixou lá tomando sol e sereno. Alguém lhe dissera que isto potencializava a energia daquele macerado.
Banho tomado, líquido com as ervas no corpo derramado, e lá estava ele. Já nem parecia mais o executivo de terno e gravata, celulares e compromissos importantes. Todo de branco, cabelo sem gel e uma felicidade estampada no semblante. Beliscou um pedacinho de pão caseiro que estava sobre a mesa, pois naquela noite não iria jantar.
Olhou no relógio como quem calcula minuto por minuto para não se atrasar. Coração já começara a bater mais forte, pois a semana inteira esperou por este dia. Voltou ao quintal e entrou em algo que parecia um quartinho. No local, em cima de algumas prateleiras forradas com toalhas brancas, imagens, pedras, velas, incensos e um curioso bem estar.
Acendeu uma vela branca bem ao centro, fez suas orações pedindo à espiritualidade que lhe acompanhasse. Olhou para a imagem de um índio que estava na prateleira ao lado, e, em silêncio, como quem fala com o olhar, pediu para ele também lhe acompanhar. Bateu a cabeça naquele altar, respirou fundo e sentiu as batidas de seu coração aumentar.
Logo já estava lá, uma casa simples, porém, muito bem organizada. Na entrada se curvou como quem cumprimenta alguém. Abraçou seus amigos, pediu a benção para um senhor, guardou uma mochila que trazia com ele. Bateu a cabeça em algo muito parecido com o altar que ele tinha em sua casa, mas bem maior.
Posicionou-se como que fazendo parte de um círculo de pessoas. Todos em silêncio, em oração. Estava ele em uma corrente de irmãos. Fora da corrente, pessoas se acomodavam em bancos. Novos, velhos, pobres, ricos, brancos, pretos e amarelos. Não havia distinção. Todos seriam atendidos naquela noite.
O toque do tambor demonstra que está começando a reunião. Reunião de pessoas encarnadas e desencarnadas, em nome do amor. Uma lata perfurada, com ervas sobre a brasa, é passada de um lado para outro. Nesta hora seu coração ficou sereno. Não está mais ansioso, está entregue de corpo, alma e pensamento. Pedindo a Deus que faça dele seu instrumento.
Mais adiante, depois de algumas canções e palmas, ouve-se uma letra que fala das matas, dos nativos da floresta. Seu pensamento se volta até a imagem do índio com quem trocou olhares em sua casa. Sente então uma presença ao lado, e mesmo sem nada ver, sabe que é ele que está ali. Sabe que ele lhe escutou, atendeu seu pedido e lhe acompanhou.
Nesse momento seu coração novamente disparou. Toda a espera da semana, as preparações que antecederam este momento e a recusa do chopinho com o pessoal do seu departamento.Seu mentor unido a ele espiritualmente para mais uma noite de caridade, mais uma noite cumprindo sua missão. Mais uma noite na vida de um médium de coração.
Escrito em 05/02/2011.

Exu – O Guardião da Lei Divina


Texto de Peterson Danda, publicado originalmente no blog Diário do Adeptu.
Saiba mais sobre os Guardiões na Umbanda e no Espiritismo ouvindo o primeiro podcast do Conversa Entre Adeptus.
“O sino da Igrejinha
Faz belém blem blam
Deu meia-noite
O galo já cantou
Seu Tranca Ruas
Que é dono da gira
Oi corre gira
Que ogum mandou”
Saudações Caros Irmãos de Fé!
Inicio pedindo licença a todos os irmãos que me acompanham e orientam pela esquerda para falar em vossos nomes, saudando suas forças e solicitando que iluminem minhas ideias!
Exu ainda é um grande tabu da religião de Umbanda. Historicamente foram discriminados e mal compreendidos por membros de outras religiões e até mesmos por praticantes e sacerdotes de Umbanda, e vejo até hoje alguns desses preconceitos perturbarem a mente de simpatizantes e médiuns dessa linda religião, inclusive, chegando a atrapalhar na incorporação dester irmãos devido a bloqueio que criam pela ideia negativa que possuem desta Entidade.
A ideia que muitos ainda possuem é de que Exus são espíritos involuídos, de pouca luz e presos em vícios carnais, pela utilização do Fumo e do Marafo nos seus trabalhos e também pelo seu comportamento dito “debochado”, devido às estrondosas gargalhadas que costumam dar durante seus atendimentos. Todas essas características, vistas pelos ignorantes de seus fundamentos, contribuíram para o sincretismo errôneo dos Exus com o Diabo da Igreja Católica, causando medo em muitos e facilitando seu uso como bode expiatório pelos Neo Pentecostais.
Imagem de um Exu retratado como Diabo Católico
Essas mesmas ideias, inclusive, levaram alguns irmãos de Umbanda, ainda não compreendendo o trabalho destes, a contribuírem com este movimento de “crucificação” dos Exus. Como foi o caso do médium Aluizio Fontenelle, que, em 1966, escreveu um livro que compara Exus com os demônios da Goécia, prestando um enorme desserviço a Umbanda e atrasando por alguns anos a compreensão destas entidades, além de dar vazão a mente humana para representa-los através daquelas imagens de corpo vermelho, com pés de bode e rabos em flecha, que até hoje são vistas em algumas terreiros ou casas do gênero…
Muito distante de todo esse folclore criado em seu entorno estão os verdadeiros Exus, Espíritos de humanos desencarnados que, após compreenderem e consertarem os erros e desvios que cometeram à Lei Maior enquanto encarnados, aceitaram assentarem-se ao lado esquerdo do Criador e trabalharem como Executores desta Lei que agora compreendem. São espíritos que trabalham, sim, NA escuridão, porém, EM PRÓL da LUZ, a serviço do Orixá Ogum, senhor da Lei e dos Caminhos, e na vibração do Orixá Exu, senhor da Vitalidade.
Quando falamos em esquerda estamos falando em polaridades. Na Direitanosso racional e consciente, atuam os Caboclos, Pretos Velhos, Erês, Boiadeiros, Baianos…, linhas de trabalho que são habitadas por espíritos de diversas origens, responsáveis por trabalhar a polaridade positiva dos Orixás ao qual representam,irradiando suas energias. Já os Exus atuam na Esquerdanosso emocional e inconsciente, trabalhando a polaridade negativa de todas essas linhas, e são responsáveis por absorver e esgotar a negatividade que atinge a nós encarnados, quebrando demandas e desmanchando magias negativas. Mesmo que as quebras de demanda sejam feitas por espíritos da Direita, é através dos Exus que elas são descarregadas, e são eles os responsáveis por encaminhar os espíritos sofredores que atormentam os encarnados, de acordo com a Lei Maior e com o seu merecimento, aos seus devidos locais no Astral.
Outro papel importante desses trabalhadores da fé é zelar pela segurança dos Templos durante os trabalhos (de todos os tipos, inclusive igrejas!), evitando que os mesmo sejam perturbados por espíritos de pouca luz ou até mesmo evitando que seus frequentadores levem consigo cargas negativas que podem prejudica-los. Além disso, os Guardiões da Lei Maior, como também são conhecidos, auxiliam na segurança dos Espíritos que trabalham em zonas Umbralinas. Se você já leu algum livro de André Luiz ou Emmanuel já deve ter visto eles comentarem sobre estesGuardiões, que na Umbanda recebem o nome de Exu. Simples assim.
Imagem de Exu utilizada atualmente
Existem diversos argumentos utilizados por aqueles que desconhecem o trabalho dos Guardiões para inferioriza-los. Um argumento que li outro dia é de que “se os Exus fossem espíritos de luz, não se comportariam de forma grosseira e falando palavrões”. Outro argumento também muito comum é comparar os Exus de Lei (como são chamados aqueles que trabalham sobre a benção de Pai Oxalá) comaquilo que se manifesta em certas Igrejas Neo Pentecostais e que utilizam nomes simbólicos das falanges de trabalho dos Exus (Caveira, Omulú, Tranca Ruas), como se assim o fossem.Duas falácias sem tamanho que vamos desmistificar aqui.
Primeiro, eu concordo que falar palavrões talvez não seja uma “atitude de espíritos de luz” (embora isso ser fruto de nosso preconceito, mas vamos concordar…), e assim não fazem os Exus! Eu já presenciei algumas destas cenas desagradáveis e já ouvi histórias muito piores sobre comportamentos equivocados de médiuns que se dizem incorporados com seu Exu de Trabalho. O que acontece é que, na maioria das vezes, não existe Exu nenhum incorporado ali, é apenas o subconsciente do médium que acredita estar incorporado e pratica atos que julga (ou leu, ouviu falar…) serem o comportamento de um Exu. Outras vezes a entidade até está presente, mas o animismo do médium comete atos que não correspondem ao seu comportamento, atrapalhando e prejudicando o trabalho da mesma.
No segundo caso, usei o temo aquilo pois creio que existam dois tipos de manifestações nestas Igrejas: As sérias e as teatrais. Nas manifestações sérias, o que ali se auto denomina Exu, na verdade, são espíritos de pouca luz, espíritos obsessores que, por decorrência de alguma afinidade, acerto de contas ou algo do tipo, perturbam a vida daquela pessoa, que na maioria das vezes possui algum grau de mediunidade não conhecido. Estes espíritos, quando se manifestam nas sessões, apresentam-se com nomes de Exus pois creem ser estes nomes de seres das trevas, da mesma forma que acreditavam e acreditam ainda alguns. Quanto às manifestações teatrais, prefiro não comentar…
Eu poderia me estender por diversas páginas esclarecendo mitos e lendas sobre estes irmãos e sobre como seu trabalho é realizado, mas vou deixar um canal aberto para que vocês leitores coloquem aqui suas dúvidas em relação aos Exus. Se você ouviu alguma história fantástica ou tem alguma dúvida sobre eles, por favor, comente aqui e eu responderei com maior prazer, dentro daquilo que eu conheço e do resultado dos meus estudos, pesquisas e diálogos com estes Executores da Lei Maior.
Para complementar, eu recomendo a todos que tenham interesse neste Mistério de Deus que leiam o livro O Guardião da Meia Noite, obra psicografada por Pai Rubens Saraceni que auxilia na compreensão do trabalhos dos Exus.
Laroyê Exu! Salve os Exus, Executores da Lei Maior e Trabalhadores Fieis de Deus.
Exu é Mojubá!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O porque do 15 de Novembro como Dia Nacional da Umbanda


Retirado do blog Registros de Umbanda
Segue um texto muito pertinente com o mês corrente  extraído de  ”A Umbanda Brasileira”, livro de José Fonseca  publicado em 1978 , depois de passar pelo Jornal ” Gira de Umbanda” em 1976.  É uma carta de esclarecimento  do  C.O.N.D.U.  sobre  a escolha do 15 de Novembro como dia nacional da Umbanda, bem como o seu significado para a religião e o movimento umbandista.
O Conselho Nacional Deliberativo da Umbanda foi criado em 12 de Setembro de 1971 sendo o primeiro órgão umbandista de caráter nacional, que conseguiu agregar em sua reunião de 1976 , 25 federações de Umbanda de todo o país,  totalizando mais de 40.000 terreiros e tendas  representadas no evento, que teve entre as suas pautas,  a escolha do dia nacional da Umbanda.
É interessante observar no  texto o desconhecimento existente na década de 70 de grande parte do movimento umbandista da história  ocorrida em 1908 – bem como do próprio rito original, cujo estudo e análise ainda hoje é renegado pela grande maioria dos umbandistas –  os motivos da escolha do 15 de novembro pelo próprio Caboclo das  Sete Encruzilhadas para a sua manifestação e a anunciação da nova religião, as considerações feitas sobre o 13 de maio, como sendo a data mais apropriada para representar a Umbanda, o que representa a existência de uma grande associação na época, da origem da Umbanda, o seu surgimento, com as religiões e a cultura afro-brasileira. Posição ainda sustentada por grande parte das vertentes africanistas de Umbanda, que relutam em reconhecer fatos históricos;  a Umbanda como religião puramente brasileira, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade,  Zélio e o Caboclo das Sete Encruzilhadas como os fundadores e precursores da Umbanda.
Acredito que  é  um texto de certa importância e riqueza para os umbandistas;
Boa leitura!
Pedro Kritski.
N.A.: No dia 17/05/12 a Presidente Dilma Rousseff assinou Lei instituindo oficialmente o dia 15 de Novembro como Dia Nacional da Umbanda.
Porque Milhões de brasileiros escolheram 15 de Novembro como o DIA NACIONAL DA UMBANDA
O CONSELHO NACIONAL DELIBERATIVO DA UMBANDA-C.O.N.D.U. – por intermédio de sua representante no Estado do Amazonas, a Cruzada Federativa Espírita de Umbanda,  tomou conhecimento do comentário da sessão “Umbanda – Quimbanda”  do jornal  “ A Notícia”,  de Manaus,  em 11 do corrente mês,  sob o título “Escolha Justa”,  no qual se lê que  “ a suposta escolha de 15 de novembro para ser considerado o Dia da Umbanda,  sugerida num encontro umbandista, no Rio de Janeiro, vinha decepcionando”… e que  “a data diz respeito à  Proclamação da República,  nada tendo a ver com a Umbanda, o que significa que foi sugerida por profanos,  por quem desejava apenas homenagear um centro”… ”Os umbandistas amazonenses disseram que o 13 de Maio,  data da libertação dos escravos é realmente a mais indicada”.
O C.O.N.D.U. esclarece que:
A data de 15 de Novembro foi proposta pelas entidades federativas do Rio de Janeiro, na I Convenção Anual deste Conselho,  da qual participaram 25 federações,  representando a maioria absoluta dos Estados;  e que não opuseram qualquer objeção à escolha.

Entre as datas sugeridas – 13 de Maio, consagrada aos Pretos Velhos –  e 22 de Novembro – dia de Araribóia –  venceu por unanimidade 15 de Novembro.  Nessa data,  em 1908,  manifestou-se pela primeira vez,  numa sessão da Federação Espírita,  em Niterói,  uma entidade que declarou trazer a missão de estabelecer um culto,  no qual os espíritos de índios e de escravos poderiam desenvolver seu trabalho espiritual,  organizado no plano astral do Brasil.  Na época,  esses espíritos aproximavam-se das reuniões espíritas,  mas as suas mensagens eram recusadas,  por serem eles considerados atrasados,  tendo em vista a condição de humildade com que se identificavam.
A entidade,  que se apresentou aos videntes como um mentor espiritual,  deu o nome de CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS.
No dia seguinte,  verdadeira multidão compareceu à residência do médium – um jovem de 17 anos,  Zélio Fernandino de Moraes,  de tradicional família fluminense.  A entidade manifestou-se e determinou as normas do novo culto,  que teria o nome de UMBANDA, declarando fundado o primeiro templo de Umbanda,  cuja prática seria exclusivamente a caridade espiritual,  através de passes, desobsessões e curas de enfermos.
O templo,  que tomou o nome de Tenda Nossa Senhora da Piedade, funciona ainda hoje,  no centro do Rio de Janeiro (Rua D. Gerardo, 51) com uma filial ( Cabana de pai Antônio ) num sítio em Boca do Mato,  Cachoeiras de Macacu,  completando,  em Novembro próximo, 69 anos de atividade.
Prosseguindo a sua missão,  o Caboclo das 7 Encruzilhadas fundou mais 7 templos,  cujos dirigentes foram escolhidos entre os grupos de médiuns preparados nas sessões doutrinárias que a entidade estabelecera,  às quintas-feiras à noite,  para esclarecimentos sobre a doutrina espírita,  o Evangelho e as normas ritualísticas da Umbanda.  Estas normas determinavam:  médiuns uniformizados de branco, cânticos sem acompanhamento de atabaques nem palmas ritmadas;  preceitos baseados apenas em água,  amaci de ervas,  flores e pemba, atendimento totalmente gratuito,  não sendo admitido estabelecer nem aceitar retribuição financeira de espécie alguma.  Os templos, organizados administrativamente,  mantinham-se pelas contribuições dos associados.
Milhares de templos,  em quase todos os Estados,  descendem desse grupo inicial,  conservando, em sua maioria,  a pureza da doutrina e da ritualística.  Formou-se assim a religião de Umbanda – denominada,  de início,  Lei de Umbanda,  ou Linha Branca de Umbanda – cujos mentores são os Caboclos e os Pretos-Velhos.
Justifica-se,  portanto,  a escolha da data de 15 de Novembro,  por não se prender apenas a uma das falanges principais da Umbanda e sim a ambas:  Caboclos e Pretos Velhos.
A referência feita à Proclamação da República deve-se ao fato de ter sido ela determinante da igualdade religiosa estabelecida pela primeira vez na Constituição da República,  em 1889,  o Estado deixou de ter uma religião oficial,  permitindo assim que todos os credos, inclusive a nossa doutrina,  se difundissem livremente.
(Jornal “Gira de Umbanda” 1976)
Obs: o texto acima se encontra nas páginas 7,8 e 9.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012


Umbanda não é circo!
Retirado do blog Diário de uma Preta Velha
Salve os fios, salve todo esse povo!
Sabe fios, esses dias eu tava pensando. Pensando na Umbanda, em como a Umbanda é iluminada. Tava pensando também em como a Umbanda recebe todos que chegam até ela, seja para seguir seus preceitos ou para só receberem uma ajuda imediata. Também recebe de braços abertos os curiosos e os descrentes. Muitos vão até os guias só para ver como é ou para verem se é de verdade. Não trazem nada de bom, nem levam nada consigo. É só para xeretar memo. Quando se cansam dos espaços de lazer das cidades, muitos resolvem ir até a Umbanda, prá ver como que é. Sabe, fios, qualquer dia desses vão fazer até excursão prá terreiro, se é que já não fazem, anunciando as “atrações” da noite.
Tô até imaginando: Não perca!!! Nessa noite no terreiro, ele com sua capa preta, apresentação única e exclusiva do exu tal… Chego até a achar graça nisso, num é memo, fio??? Mas brincadeira tem limite.
E já passou da hora de cada um que tem a Umbanda no seu coração, que é um religioso da Umbanda dizer um basta e mostrar pros curiosos que Umbanda não é circo!!!
Umbanda não é brincadeira, fio. Se quer visitar o terreiro só por curiosidade, que seja bem vindo, mas tenha respeito! E o respeito quem é que impõe? São os fios da Umbanda.
São os fios que primeiro respeitam o terreiro, respeitam o espaço sagrado, respeitam os guias, respeitam a sua fé e a sua crença para depois darem o exemplo de como os curiosos devem se comportar.
A umbanda não impõe nada, não cobra nada e abre os abraços a todos. Os fios devem entender toda a liberdade dessa religião e devem desfrutar da mesma com amor e muito respeito, ensinando prá quem não sabe que umbanda é religião, portanto deve ser tratada como tal.
Bom, meus fios, são só umas palavras simples prôs fios pensarem.
Com todo amor e respeito
Na fé de nosso senhor Jesus Cristo
Vovó Maria Redonda
Sete Lágrimas de Um Preto Velho


Texto adaptado do Livro “Lições de Umbanda (e quimbanda) na Palavra de um Preto-Velho”, do médium W.W da Matta e Silva
Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste preto velho chorava. ..
De seus olhos molhados, lágrimas desciam-lhe pelas faces e, não sei porque, contei-as… Foram sete!
Na incontida vontade de saber,aproximei-me e o interroguei…
- Fala meu preto velho, diz ao teu filho porque externas assim uma tão visível dor?
E ele, suavemente respondeu…
- Estás vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas são distribuídas a cada uma delas.
A primeira, eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas ofuscadas mentes não podem conceber…
A segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que os seus próprios merecimentos negam…
A terceira, distribuí aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar um semelhante…
A quarta, aos frios e calculistas, que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dele de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão…
A quinta, chega suave, tem o riso e o elogio da flor nos lábios, mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito “Creio na Umbanda, nos seus caboclos e no seu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo”…
A sexta, eu dei aos fúteis, que vão de terreiro em terreiro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos, porém seus olhos revelam um interesse diferente…
A sétima filho, notas como foi grande e como deslizou pesada, foi a última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os orixás; fiz doação dessa aos médiuns, vaidosos, que só aparecem no terreiro em dias de festa e faltam as doutrinas. Esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual…
E assim, filho meu, foi para esses todos, que viste uma a uma, as sete lágrimas desse preto velho!
Adorê as Almas! Salve o povo de Aruanda!